21 de maio de 2011

 Não há, ainda, abertura, neste terreno, para o artifício da indiferença — antes houvesse.

 Ele, o artifício, é o dote dos seres que crescem friamente desafeiçoados, ou livremente esclarecidos, sabendo quase desde sempre para onde florescer ou apontar, procurando por mais sol, mais chuva, mais terra; escalando muros e trepando em árvores (vivas e mortas), não afetando-se, engrandecendo-se.

 Aqui, neste terreno, vê-se o aferro, a tenacidade, a constância; não frutos ou fertilizantes: pedregulhos secos e ervas daninhas, porque são súditos da ternura, do afeto e da paixão. Vê-se o mato e o silvado, rasteiros e escassos, não arriscando, sempre murchando, a não ser quando o trovão não distingue o rijo e áspero, no íntimo, frágil, do brando e tenro, deveras possante.

 Não há, ainda, abertura, neste terreno, para o artifício da indiferença — na próxima enxurrada, talvez.

R.

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