30 de dezembro de 2010

Serra

Mas e quando as curvas não me forem o bastante,
E derrepente me esquecer de virar.
Abra as janelas para o vento,
Nada como voar.
É só uma viajem,
E a lei.
Alem.
........
.......
......
.....
....
...
..
.




e fim
enfim

J
O sangue chegara escorrendo as pernas, essas que a tempos não se encontram. Ela flutuou por entre os pisos até a sala segura. Suas roupas agora encharcadas lhe gelavam o corpo ainda quente. A menina tremia. O coração entupia os ouvidos, cortar. Livre agora, com os fios pelo chão. A dor, intensa, boa e familiar. Quem sabe, a cicatriz ficaria para sempre, e não precisaria ser refeita. Uma alegria infantil a tomou, com os cachos pelo chão, respirou atordoada. Seu ferro espalhado descendo pelo ralo, empossado. Nada alem de cortar as correntes. 




J.
And all the good times
Will give you cancer...

Party poison, MCR

29 de dezembro de 2010

aya, black rebel motorcycle club

Haia

complexo de tertulianas

prometi este post há um tempo, então lá vai...

Esta postagem se deve a uma carta. Não sei se é preciso dizer a quem é endereçada, mas quem a escreveu denominou-se Pierrot — de segunda.

O tal Pierrot faz uma análise que, segundo o próprio, chega a ser científica: era um certo escrutínio a respeito do comportamento peculiar de uma determinada pessoa (leia-se Pagu). Pierrot concluiu "através de estudos sociais" que Pagu "faz parte de uma nova e admirável leva de mulheres, colhendo os frutos plantados por quase um século de revoluções feministas internas ou externas". Deduziu ele que o amor desta "leva" é direcionado exclusivamente às amizades, à intelectualidade e à auto-preservação. Que a leva em si desligou-se completamente das premissas dos romantismos clássicos.


Além destas coisas, entre outras, Pierrot acabou por inferir que Pagu, assim como a Tertúlia, se basta e orienta as coisas para um certo alvo (cultural), além de "apreciar o sentimentalismo com olhar crítico, analítico. Não há mais loucuras por amor, mas uma visão intelectual e terciária do que está acontecendo. São mulheres que não se compadecem de pieguices (...)".



Sinto em informar-lhe, Pierrot, que embora tendo em muito acertado, está também, em muito, enganado — ainda que comparações com Simone de Beauvoir, Jane Austen, Clarice Lispector, e mesmo Joana D'Arc, soem muito lisonjeiras. Mesmo o feminismo não sendo uma de nossas causas, você fez uma lista de prioridades que chega a ser, de certa forma, apropriada, pois damos muito valor às amizades, à intelectualidade, mas apenas esporadicamente à auto-preservação, por assim dizer. Saiba que colocar a todas num grupo apenas pode homogeneizar a mistura, mas a degustação pode se tornar arenosa: não generalize como fez um de nossos amigos convencendo-se de que toda garota precisa, até certo ponto da vida, de um Johnny*. Esteja também dissuadido de usar receitas, pois, sendo quase imutáveis, elas são inúteis.

Nós, Tertulianas, vivemos, pensamos e nos alimentamos de arte. Entretanto, faltou-lhe saber que não há prioridade — não exata. Nossas prioridades são o toque inesperado, a palavra catatonizante, a cevada suada sobre a mesa, o vinho quente subindo à cabeça, a canção ao fundo, o trocar de cordas num local inapropriado, o "que vos esquente" de cada dia, a alva felicidade, as luzes da cidade e mesmo as sentimentalidades excessivas — as pieguices. Somos, simultaneamente, piegas e agressivas; inteligentes e alienadas, de certa maneira. Talvez intoleráveis e apaixonantes. Mas a prioridade acaba sendo, até inconscientemente, o agorao ter que perdura —, a arte de nossa inconsistência, de nossa ventilação, de nossos neologismos, de nosso vocabulário particular e de executar e fazer jus ao nosso próprio nome: Tertúlia.

A respeito da auto-preservação, digo que poesia demais, música demais, felicidade demais, calor demais ou pieguice demais (ou de menos) podem fazer uma tertuliana explodir (num bom sentido). É fato. E a nossa busca ávida por todas essas coisas são tão descomedidas e desmesuradas que chegam, às vezes, a machucar. Às vezes. Talvez por isso sejamos, de certo modo, masoquistas. Mas esse descomedimento e essa desmesura talvez sejam partes de nossas células osmóticas, talvez façam parte de nosso poder de absorção, o que é uma característica da qual chegamos até a nos gabar para nós mesmas.

No fim das contas, Pierrot, o que importa é o equilíbrio dos corpos, almas e mentes. E nem ao menos temos a garantia de sua existência...

R.


*Sociável demais, boa pinta demais, perigoso demais.
Falante demais, tocante demais, divertido demais.
E apesar de quase agradável, desnecessário demais.

26 de dezembro de 2010

— Sabe como é, não se empolgue muito comigo porque, sabe...
— Eu sei. É aquela coisinha quadrada.
— É. A coisinha quadrada. Porque a pessoa em carne e osso não vale um pão com ovo.
O youtube não me conhece bem...

Recomendado para mim: Great Albums for Christmas, Rihana, Taylor Swift e Willow Smtih.

Tomanocu. Num péssimo sentido.
Costumo anotar sonhos, visões e ideias nos rascunhos do celular.

Encontrei, então, o seguinte rascunho:

"Cada avel é uma surpresa"

Porra, assim eu não ajudo...

R.
So raise your glass if you are wrong
In all the right ways
All my underdogs
We will never be anything but loud
And nitty gritty, dirty little freaks
Won't you come on and raise your glass?

Pink

from raise your glass video


R.

Cena Única de Ato Múltiplo

Dois garotos num vagão do metrô. Entra o terceiro.

A1: E aí, véi? Cê viu o Capela hoje?
A3: Vi, ele tava aqui agora.
A2: Aqui? Cê fala aqui no metrô?
A3: É, mano.
A1: E tava com o moleque?
A3: Tava.
A2: Tava memo?
A3: Tava, carai! E tava usando maquiagem e pá.
A1: Maquiagem?
A2: Tipo, lápis e essas porra?
A3: É, pode crê.
A1: Viiish! Agora já era, mano...
A2: É. Já era memo, mano.



Acho que o Capela passou pro lado negro da força. Que seja bem vindo, então...
E eu me impressiono quando percebo coisas como a minha falta de coerência à luz do dia e a minha fala ligeira. Acho engraçado me ver andar quando bebo pouco e quando me visto de acordo. Me sinto extasiada quando não me pergunto: "Que diabos estou fazendo aqui?"


Não deveria: meu amigos substituem cup cake por cu de quem.


R.
Como é que um ser insano pode
ter um coração tão racional?

25 de dezembro de 2010

X: Cara, isso é uma bosta. O natal é cheio de hipocrisias.
M: Pois é. Mas as minhas ficaram uma delícia.
X: Ah, ótimo. Daqui a pouco passo aí, vou comer um pouco das suas hipocrisias saborosas...
"Cerveja é uma desgraça — acaba com a vergonha na cara de qualquer um..."
A minha avó faz mais barulho que você.












































E ela está morta.

TH & Romanelli

cacacola?

Jornalista: "E estamos aqui, no museu tal, olhando para uma escultura que representa o fulano de tal, primeiro chefe indígena convertido pelos jesuítas..."
R de Rudi: Traidor.
D: O natal se tornou algo tão...
R: Idiota?
D: É — a única diferença é que eu fico chapado em casa.

23 de dezembro de 2010

Almoço em 'familia'

 X: - Mas esse peixe ta bom...
 Y: - Eu sei, mas eu prefiro peixe frito, não assado.
  J: - Eu prefiro peixe vivo... É uma questão de gosto.
M: - haha. Uma questão de estômago. 

Home Suit Home

21 de dezembro de 2010

R diz:
assim você me mata.
Pagu diz:
um morto não mata, fique tranquila.
R diz:
ah, mata...
Pagu diz:
sim, sim, você ama um morto
R diz:
EXATAMENTE
Pagu diz:
tua sorte, ou falta dela, é que mortos também amam.
Depois de uma briga de sempre, entrei no carro dele, banco de trás.
Entrou numa rua, tirou a carteira e pediu pro seu mais novo ajudante-filho-abrigado contar o dinheiro.
Ele só pede isso pra quem confia.
Eu costumava contar esse dinheiro.
Agora estou no banco de trás.

P.
"Não existe lugar para ser sexy"

Cris, que não é sexy em lugar ou momento algum
"Cuidado, Cris, que comer qualquer coisa faz mal à saúde..."

R.
R: E havia aquele monte de passarinhos que foram simplesmente doados depois que meu tio morreu. Ele tinha muitos pássaros. Adorava aqueles pássaros.
D: E por que você não os soltou?
R: Eles morreriam, com certeza.
D: Bem, é verdade. Mas pelos menos morreriam livres.
R: Morrer livre pode ser poético, mas, às vezes, é também cruel.

baita sorte e privilégio


Por R.

Eu, eu mesma, e Bukowski

Eu, como todos, sempre tive um ponto forte. Porém, o meu era rejeitado pela sociedade e descabido moralmente: O meu ponto forte era a fraqueza.  Francamente, deslizava para o fundo do copo. Não, não está errado. Realemente quis dizer copo, não poço. Nele tinha a vantagem de que, quanto mais esvaziasse, menos lembraria o porquê de tudo aquilo. O que deve se levar em conta também, é que não é possível cair dentro de um, o máximo,é com um. Agora, a certeza de que não vou me afogar, já nao é inteira. De certo poderia regurgitar ou gorfar tudo uma hora ou outra, quando bêbado. E isso é quase se afogar. Mais um ponto positivo, é que você escolhe seu próprio sabor. Mias doce, mais amargo, mais apaixonante, mais puro. Tenho boas (e más) lembranças de meu ponto forte/fraco, no caso. Muitas mulheres, apaixonantes, da rotina, que vão e vem à tona, são algumas delas. Olhos roxos, brigas de bar, tudo me contradizendo e dizendo: Me paga mais um drinque?

( N.A: Vontade de escrever como um velho safado.)

Caju
Vejo o mundo pelos olhos de outra pessoa. Coloco os óculos de grau, alheios, de um rosto amigo. Meus próprios olhos pareciam mais duas almas perdidas, dentro do aquário inaquático. Enxergo assim pessoas a mais, meias barbas, embaçado contínuo. Fico o maior tempo possível focando nas plantas mortas, no meio da natureza viva. Adubo natural pro meu terreno. Senti o calafrio da realidade, vista notóriamente por meio da corrente gelada de vento, que me deixa vesga, vendo o próprio nariz. Olhar pra dentro não foi possível, estava tudo um breu, daqueles em que não se tem nem uma vela, nem um fósforo. E se tivesse, a chuva teria apagado.

Caju

18 de dezembro de 2010

No direction home

Trechos do DVD do Bob Dylan; meu menino.

"Eu pensava em sair pelo mundo, encontrar uma jornada de retorno para algum lugar. Tentava encontrar aquele lar que deixei há muito tempo e não conseguia lembrar exatamente onde era, mas eu estava a caminho. E depois de tudo com que me deparei, percebi tudo. Eu não tinha nenhuma ambição. Nasci muito distante de onde eu deveria estar, então, estou voltando pra casa."

"Tempo... Pode-se fazer muitas coisas para que o tempo pareça parar, mas, é claro, e você sabe disso, ninguém consegue pará-lo"

"Era tão frio que não podia ser mais. O clima equilibra tudo com muita rapidez."

"Foi o som que me influenciou. Não era propriamente quem, era o som em si."

P.

14 de dezembro de 2010

Percebi

A chuva não era demais
O caminho não era longo demais
A ladeira não era íngrime demais
As pessoas não eram irritantes demais
Meu fone que tava quebrado.




j
agora com trilha sonora
Leia com a tensão.

R.
"...Sinta seu corpo em chamas
Se eu lhe chamar..."

Cama, Cérebro Eletrônico


 p.

13 de dezembro de 2010

' Vinne diz:
meu, vc escreve muito bem
vc descobriu virgulas onde nenhuma outra mulher ousou colocar
rsrs


herinnering . diz:
HAHAHA
obrigada *-*
deve ser pq vc nunca leu Clarice Lispector



' Vinne diz:
é verdade, eu nunca li
mas eu conheço alguém que leu e gostou muito
mas eu duvido que ela saiba usar uma virgula igual a você
quando eu te vejo eu falo
"Ali vai a menina que sabe o lugar das vírgulas nesse Brasil"


(Tudo bem, Clarice é meio Ucraniana, mas foi lisonjeiro...)
So

             lu

çan

                    do

R.
E eu, pra fazer entender que Banana vem depois de Pêssego?


R.

she wants a ride on...

   Um bar, alguns amigos, alguns otários e algumas cervejas. Ela estava a devanear sobre coisa alguma, simplesmente porque "segurar vela", como dizem, é, muitas vezes, desagradável. Sua amiga com o otário da cantada do isqueiro, sua prima com uma menina não muito interessante; nada mais a fazer: foi logo ao banheiro.
  Estendeu, com a maior paciência, alvas fileiras brilhantes para logo depois sentir, à sua maneira, uma a uma desvanescendo-se, mas extinguindo-se, pois adentravam um novo corpo, uma nova traqueia, uma nova narina. Nova por algum tempo, o que, em alguns meses, não seria.
   Caju saiu do banheiro cambaleando, melhor do que nunca. Um dos amigos interrompeu um dos beijos:
   — Caju, precisa de algo?
  — Não — respondeu Caju, sabendo que em breve suas reminiscências e seus segredos estariam a salvo, compartilhados com os amigos azedos. — Não preciso de nada.

R.
P: Green river, Mad Season, Mother Love Bone, Mudhoney, Alice nas Correntes... Eles se amavam né?
O amigo que eu mesmo criei: Sim, e também gostavam de montar bandas.


Exagerados, socializados e fudidos.

P.s.: A grungera linda tá aí Jack.

P.

R. & P. se amam; ...

 Apenas e apenas porque conversas entre P. e R. nas altas e duras horas rendem algumas confissões, viagens, bixisses e, principalmente, pitadas de incompreensão saudáveies à todo (e qualquer) ser que quer humano.

"Que?"

"É".

Como pode uma pedra viva causar suspeitos por oferecer mais uma dose (R pensa: "Mais uma dose? É claro que eu tô a fim)? Que mal há nisso?
Nisso nada, mas juntar três tampinhas numa garrafa só, ou no máximo duas, apesar de fazer um bem danado e ser leve, é proibido a alguém que preze a própria vida, só a própria...
-
Uma pergunta despenca e um anúncio bonito com flash e cheiro de tinta, com toda a onipotência do mundo, surge.
A pergunta tinha a ver com negatividade, mas Pagu descobre que é amor, que é o que é, podendo inflar, periodicamente, os inferiores. Sua pele também tinha olhares grudados.

O anúncio surge presenteando com 2 cubos de frio na barriga. "Obrigada; até pareçe"
-
Pausa fixa e pesada.
-
R - A última palavra é sempre dele...
P - Genial, convincente, impotência.
R - eu sempre ' falo demais por não ter nada a dizer '...
São paralisantes.
P- São...
-
E algo relacionado ao maldito/por/maldito poderia ocupar a admiração principal de R., naquele ambiente enquadrado.

Não importa o quanto seja uma piada do destino ou da vida; o proprietário, é GENIAL!
-
Mas ainda não descobrimos se o deslumbramento é amor à vida ou fraqueza e ingenuidade, sabemos que depende.
-
P - Eu não descreveria o abstrato assim, deixaria estar, abstrato... Ele não, é além-pagu, é perturbadoramente minucioso.
R - Entendo completamente.
P - Inédito! Me entender completamente.
R - Tudo bem: quase completamente.
Você nem está completa , como posso entender-lher completamente ?
Mas eu tento, arduamente, mais que muita coisa; você é um dos meus quebra-cabeças prediletos.
P - Porque quer entender, há coisas que surgem sem nos pedir permissão de compreensão, apenas ficam incompreensíveis nos rodeando.
Ok, FOCO!
R - O que quis dizer, é que o que foge da minha compreensão é o que você se identifica; por isso sinto tanta falta, e o que vai além-pagu, é extremamente próximo do que eu quero dizer, sempre...
Espero nunca entender você completamente , pra que você seja uma peça faltando do quebra cabeça , porque é uma coisa que me tortura , mas é a melhor tortura que já senti : tentar te entender por completo... É impossível .
P - Você não é de toda compreensível também.
R - O incompreensível é fascinante... O que compreendemos, acabamos por esquecer... Menos você. Escrevo, presunçosamente, em 4 formas humanas, por isso flutuo...
-

Ainda bem que R. adora meus fracassos.


R. & P. se amam; ...

12 de dezembro de 2010

herinnering . diz:
quando voltar do banho , me dá um toque , astronauta .
banho diz:
cambio!
herinnering . diz:
hey !
evitando gente normal ?
banho diz:
sempre!
eu tava no banho mesmo na verdade
e esqueci de trocar o nick...

Deedee,

Adoro ver você fazer pose de sono e, principalmente, quando você dorme no meio dos copos descartáveis de cerveja.

Você faz falta,
R.

what sarah said, death cab for cutie (to jackie)

And it came to me then that every plan
Is a tiny prayer to father time

As I stared at my shoes in the ICU
That reeked of piss and 409
And I rationed my breaths as I said to myself
That I'd already taken too much today
As each descending peak on the LCD
Took you a little farther away from me
Away from me
Amongst the vending machines and year-old magazines
In a place where we only say goodbye
It stung like a violent wind that our memories depend
On a faulty camera in our minds

And I knew that you were the truth I would rather lose
Than to have never lain beside at all

And I looked around at all the eyes on the ground
As the TV entertained itself
Cause there's no comfort in the waiting room
Just nervous pacers bracing for bad news
And then the nurse comes round and everyone lift their heads
But I'm thinking of what Sarah said
That love is watching someone die
So who's gonna watch you die?

R.

your heart is an empty room, death cab for cutie

Burn it down till the embers smoke on the ground
And start new when your heart is an empty room
With walls of the deepest blue
Fall fades how it ages when you're away
Spring blooms and you find the love that's true
But you don't know what now to do
Cause the chase is all you know
And she stopped running months ago
And all you see is where else you could be
When you're at home and out on the street
Are so many possibilities to not be alone
The flames and smoke climbed out of every window
And disappeared with everything that you held dear
And you shed not a single tear for the things that you didn't need
Cause you knew you were finally free
Cause all you see is where else you could be
When you're at home and out on the street
Are so many possibilities to not be alone

R.

remember, remember...

   As portas do boteco todas abertas e a brisa tênue da noite davam a todos a liberdade para fumar beber água álcool. Os becos davam um ar de amanhecer próximo do qual todos fugiriam para debaixo do lençóis o bar mais próximo assim que se acabassem o suor das garrafas, dos copos e risos caídos, o sóbrio e a aguardente. A banda estava prestes a começar quando todas chegaram cheias de abraços de cupcakes de sede e umas das outras.
   Chegava gente e mais gente e mais. Chegaram então conhecidos; um conhecido, sempre vítima de pensamentos e lascas romanas, e o outro, até ali, vítima do anonimato.
   Apresentações, muito prazer, olá, boa noite, como vai; G. chega a T.
   — T, é ele?
   — Sim, é ele.
   G. então é toda apneustia e pequenez a encarar o chão de olhos arregalados, de descrença arregalada, de vida murcha, culpa e avidez. G. então é toda o não inominado.


...the 10th of December.


R.

9 de dezembro de 2010

Por que

"Fui eu quem fez"

ao invés de

"Sou eu quem fez" ?


Não és mais?

R.


"Vem Joane, o PARVO, e diz ao ARRAIS do Inferno:

PARVO — Ó daquesta!

DIABO — Quem é?

PARVO — Eu sou"

Auto da Barca do Inferno, Gil Vicente

PS: Parvo? Onde?
- Você é a menina que sushiza e bebe vinho?
- ...
- É muito nova pra fazer essas extravagâncias.

Hora de mudar de estabelecimento. (pensamento fixo)

P.

8 de dezembro de 2010

Hoje R. não trabalha porque é Dia da Justiça.




Ela pensou em falar de homofobia, de dinheiro em cueca alheia,
de prisão de quatro meses por roubo de pote de margarina, de
deputado analfabeto funcional, mas no fim, disse apenas...








HÁ!






Pelo menos, para ela, é feriado...

7 de dezembro de 2010

6 de dezembro de 2010

— Você é uma otimista patológica.
Você é patológico.
— Ah, meu Deus. Por que vocês não transam e acabam logo com isso?


.


— Ele é estranho, relaxado, um pesadelo para as mulheres. Como ainda não transei com ele?


Trechos de Caindo Na Real, com Winona Ryder,
que R viu por insônia e falta do que fazer.
— Não há mais pedófilos na minha vida.
— Expulsou a todos? Isso é bom. Ou não. Não sei.
— Nada... Fiz dezoito anos.

R.
Revele o que sentiu quando eu o adiei. Um segredo de auto retrato. A árvore que se escondia das flechas. As épocas que marcaram seus sonhos. As noites que você ajudou a fugir. A lâmpada que nunca ascendeu. A guerra que tardou. O animal que te compreendeu. O conselho que não quis ser aceito. As plantações que não colheu. O livro que comprou por estar velho. O aparelho que devolveu tua batida. O código que te revelou. O poço que ainda procura. A gravata que não sai do bolso. Porque rejeitou a penumbra. O buraco envelhecido que martelou. O solo que terminou. O abrigo que esqueceu. O auto falante que estourou. A sujeira que espantou. O grito desnutrido. O ante braço marcado. A garrafa desonrada. O que não foi de ninguém. O sonhos que acordaram. O chamado que só ecoou na sala com ovos. O que todo mundo tem. A agulha que não voltou. A carona que deu ao peixe. O pingente que foi pra longe. A língua que nunca mais molhou.


P.

5 de dezembro de 2010

O estranho natal de Jackie

Minha mãe toda feliz me arrumou enfeites novos para a árvore:


Cabeças penduradas.
O que mais poderia ser?

4 de dezembro de 2010

The windows are
The perfect picture
They're always changin'
Go on get lost
Jump in the waters
When they are raging



The Immortals, KingsofLeon


PS: This is the Devil's post
Right now I'm sick down from the bones to the other side
Red mod, we insects hide
King rat on the street in another life
They laugh, we don't think it's funny
If what you are
Is just what you own
What have you become
When they take from you
ALMOST EVERYTHING


Destroya, MCR
Alguém avise Katy Perry: a lua não brilha. Ela reflete.
"Relaxa. Dói no começo, baby. Mas depois fica bom"

Johnny estalando as costas de R.

para o amigo que eu mesmo criei


R.

3 de dezembro de 2010

"— Qual é o parasita mais resistente?

Uma bactéria? Um vírus? Um verme intestinal?
— Hm, o que o Sr. Cobb quer dizer é que...
— Uma ideia. Resistente. Altamente contagiosa. Uma vez que uma ideia se apossa do cérebro, é quase impossível erradicá-la. Uma ideia completamente formada, completamente compreendida, permanece"

Quote from Inception
Bazar da Ritinha Lee?
Quando-onde-horário?

A internet não sabe porra nenhuma :(

P.

2 de dezembro de 2010

radioactive . diz:
vc foi no vilania ?
caju diz:
fui sim sim
radioactive . diz:
leu ? ..
(o vinho quente do coração me subiu á cabeça espessa)
deixei .
não evitei .

like twisted souls

— Aquele puto me chamou de "serelepe" — falei. As garrafas vazias espalhadas pela mesa, minha cabeça girando.
— Serelepe? — Mary perguntou quase ininteligivelmente.
— É, serelepe. Caxinguelê, buliçosa. E ele é tão capcioso que até agora eu não consegui descobrir se estava sendo sarcástico ou não.
— Sério? — Mary riu. — Logo você, a pessoa mais sarcástica que eu conheço, com essa dúvida cruel... Acho que isso foi puro sarcasmo. Você não é serelepe, Ida. É uma bêbada desiludida.
— Obrigada, Mary — respondi sarcasticamente, como ela esperava.
— Não vou pedir desculpas. Nós dizemos, somos a verdade; você não se ofende comigo. Gary é seu professor de Filosofia. Ele também é um bêbado desiludido. E sarcástico, como você.
— Concordo plenamente! — bradei. Acho que logo após fiz um escândalo falando a respeito das filha-da-putices de Gary e as minhas últimas notas baixíssimas na faculdade e fomos expulsas do bar. Lembro de pouca coisa depois disso. Pouco me importava... O que importava é que eu achei a fechadura dessa vez, porque da última, dormi no hall da escada.


Está precisando de um conselho? Não faça filosofia. Perdi meu emprego e ninguém me ama, ninguém me quer. Vida de filósofo é uma vida fodida. Acredite, filósofos sofrem muito mais — a verdade não só dói, ela tortura.


Abri a porta de dei de cara com o milhar de cartas — cartas, não, cobranças, em sua maioria — que chegavam todos os dias. Com muito esforço, consegui ler a ordem de despejo que havia chegado naquela manhã. Pronto. Me fodi legal.


Bati na porta cinquenta vezes. Lógico, cinquenta, não, porque eu estava bêbada, mas bati várias vezes. Acho que Louie demorou porque deviam ser umas três da manhã.


— Ida? O que houve? — Louie e sua olheiras atenderam a porta.
— Louie, eu acabei de receber um aviso e... Eu sei... Eu sei... Louie, eles vão me despejar assim que a manhã chegar e eu sei que estou sempre tão bêbada quanto se pode estar... Mas eu me pergunto, sabe... Será que você não tem espaço pra mim?
— Louie? — uma voz feminina chamou de dentro.
— Louie? — chamei do lado de fora. Louie continuou a olhar para mim, e eu a olhar para ele, cambaleando como se estivesse sobre um monociclo, as lágrimas querendo vazão e eu prendendo-as para sempre — Me desculpe. Não sabia que... Eu não sabia. Me desculpe. Eu vou... embora.
— Ida?
— Sim? — perguntei. E eu, que havia prendido as lágrimas para sempre, deixei que rolassem sem escrúpulos.
— Eu também.
— Hã?
— Também estou bêbado. Também amo você — Louie pegou minha mão. —  Tenho todo o espaço pra você aqui. Vem. É só a TV.


Uma visão que R. teve ao ouvir Louie, da Ida Maria.
Ficou uma bosta, mas foi o que R. viu.

¼ ping-pong

Semana de Moda de Paris

ou

Semana de Arte Moderna?

Para R. a resposta é fácil: a semana de moda em Paris — o tempo não volta.

Além disso, haverá tomates à mão sempre que preciso.
Aborto
mulher
economia
"sem cultura"
vícios imposto
pela mídia
mídia
correções
hitler
apartheid
tecnologia
che
nasa
fogos
artificio
datas
deficientes
cansei
cansei da causa
cansei também
de cansar
disso tudo
e de mais
ainda

sacaé?

p

Lílitchka!

EM LUGAR DE UMA CARTA

"Fumo de tabaco rói o ar.
O quarto -
um capítulo do inferno de Krutchônikh.
Recorda -
atrás desta janela
pela primeira vez
apertei tuas mãos, atônito.
Hoje te sentas,
no coração - aço.
Um dia mais
e me expulsarás,
talvez, com zanga.
No teu "hall" escuro longamente o braço,
trêmulo, se recusa a entrar na manga.
Sairei correndo,
lançarei meu corpo à rua.
Transtornado,
tornado
louco pelo desespero.
Não o consintas,
meu amor,
meu bem,
digamos até logo agora.
De qualquer forma
o meu amor
- duro fardo por certo -
pesará sobre ti
onde quer que te encontres.
Deixa que o fel da mágoa ressentida
num último grito estronde.
Quando um boi está morto de trabalho
ele se vai
e se deita na água fria.
Afora o teu amor
para mim
não há mar,
e a dor do teu amor nem a lágrima alivia.
Quando o elefante cansado quer repouso
ele jaz como um rei na areia ardente.
Afora o teu amor
para mim
não há sol,
e eu não sei onde estás e com quem.
Se ela assim torturasse um poeta,
ele
trocaria sua amada por dinheiro e glória,
mas a mim
nenhum som me importa
afora o som do teu nome que eu adoro.
E não me lançarei no abismo,
e não beberei veneno,
e não poderei apertar na têmpora o gatinho.
Afora
o teu olhar
nenhuma lâmina me atrai com seu brilho.
Amanhã esquecerás
que eu te pus num pedestal,
que incendiei de amor uma alma livre,
e os dias vãos - rodopiante carnaval -
dispersarão as folhas dos meus livros...
Acaso as folhas secas destes versos
far-te-ão parar,
respiração opressa?

Deixa-me ao menos
arrelvar numa última carícia
teu passo que se apressa."

26 de maio de 1916 

 MAIAKÓVSKI, Vladímir.
Poesia Russa Moderna


p

1 de dezembro de 2010

(...)
Da garrafa estilhaçada,
no ladrilho já sereno
escorre uma coisa espessa
que é leite, sangue… não sei.
Por entre objetos confusos,
mal redimidos da noite,
duas cores se procuram,
suavemente se tocam,
amorosamente se enlaçam,
formando um terceiro tom
a que chamamos aurora.



"A Morte do Leiteiro", Carlos Drummond de Andrade, A Rosa do povo, 1945

Ei, você,

a escola estava afundando nossos melhores dias na lama.



Ou talvez eu mesma estivesse fazendo isso.


Pardon, ces't la vie. Ou moi.

R.
D: Não, não. Você, vem comigo. A Beth disse "meninas". Ela não "pidiria" algo só pra eu fazer.
L: Não, ela não "pidiria" mesmo.
D: Ah, me deixa. "Pi-di-ri-a".
L: Deixo nada. "Pediria". Você acha que tudo começa com "pi" só porque você é uma "PI-RI-GUE-TE".

Realizei

Às vezes canso da vida privada.

Entretanto, não tenho a audácia necessária para abrir mão dela.

Ainda possuo (ou penso que costumava possuir, antes deste cenário que agora o encara, eventual leitor) a auto-suficiência necessária para agarrar-me às reservas e particularidades.

Talvez seja esse meu mal.

Talvez seja esse meu abrigo.

PS: Ambiguidade é uma de minhas especialidades.

R.
"... Encarei-o. Quando ele sorria ficava menino outra vez. Seus olhos tinham o mesmo brilho úmido das uvas..."

"Verde lagarto amarelo"
Antologia - Meus contos preferidos
TELLES, Lygia Fagundes
Do filme “Paris, je t’aime”. 

Esse foi um dos curtas que eu não compreendi minha pós-reação.
-
A cena começa com Thomas, que é cego, estudando, e o telefone toca:

"- Oui?
- Thomas, escuta.
- Francine.
- Escuta... As vezes a vida exige uma mudança. Uma transição. Como as estações. Nossa primavera foi maravilhosa, mas o verão acabou e deixamos passar nosso outono. E agora, de repente, faz frio, tanto frio que está tudo congelado. Nosso amor dormiu, e a neve o tomou de surpresa. E se algo dorme na neve, não sente a morte chegar. Se cuida."

Ele desliga, pasmo, em transe, e num flashback, relembra como se conheceram:

Thomas anda numa rua típica de Paris e ouve numa casa próxima...

“ -Me deixe sair!” 

(Thomas narra)
Francine... Eu me lembro perfeitamente.  Era 15 de maio. A primavera tardava em chegar e se formavam nuvens de chuva. E você gritava... 

Ele se aproxima da janela aberta onde Francine gritava:

“- Bruno, por favor! Não aguento mais você!
- Olá? Estou ouvindo. Quem é Bruno?
- Estou ensaiando, não percebe?
- Não, desculpe.
- Não, ME desculpe. 

Diz ela se dando conta de que Thomas não conseguia vê-la de fato.

- É atriz?
- Estou tentando. Hoje tenho uma apresentação.
- No Conservatório?
- Sim
- Que tipo de cena foi essa?
- É de um filme em que atuei, meu único até agora. Sou uma prostituta que é golpeada e violentada por seu gigolô, e ele a tranca em uma cela escura todo o dia e ela fica louca, mas no final, eles se casam. 

O sino toca, e ela debruça na janela, assustada.

- Um gigolô e uma prostituta?
- Merda! São 10:00? Tenho que estar lá às 10:00.
- Conheço um atalho, vamos.
- Espera!

E ela pula da janela para acompanhá-lo.

- Por aqui.

Corriam.

- Está certo?
- Tudo certo.

Chegam rapidamente no Conservatório, por um atalho que Thomas conhecia.

- Isso foi rápido. Obrigada.
- Boa sorte. "

Diz ele fazendo um gesto com as mãos passando nela como se fosse um sensor.
...
Francine faz o teste para o filme.

(Thomas narra)
"E claro, aceitaram. Deixar Boston e se mudar a Paris. Um pequeno apartamento em uma rua de Saint-Denis. Mostrei a ela meu bairro, meus bares, minha escola. Apresentei meus amigos, meus pais. Escutei-a enquanto ensaiava. Suas canções, suas esperanças, seus desejos, sua música, e você escutou a minha. Meu italiano, meu alemão, meu russo. Te dei um walkman, e você uma almofada. E um dia, ela me beijou. O tempo passou, o tempo voou e tudo parecia tão fácil, tão simples, livre, tão novo e único. Fomos ao cinema. Fomos dançar. Fazer compras. Nós rimos. Você chorou. Nadamos, fumamos. Nos machucamos. De vez em quando, você gritava. Sem razão. Às vezes com razão. Sim, as vezes com razão.
Te acompanhei até o conservatório. Estudei para minhas provas. Escutei suas canções, suas esperanças, seus desejos. Escutei sua música, e você escutou a minha. Estávamos unidos, tão unidos, cada vez mais unidos. Fomos ao cinema. Fomos nadar. Nós riamos juntos. Você gritava. Às vezes com razão, e às vezes sem razão. O tempo passou, o tempo voou. Te acompanhei até o conservatório. Estudei para minhas provas. Me escutou falar em italiano, alemão, russo e francês. Estudei para minhas provas. Você gritava, às vezes com razão.  O tempo passou, sem razão. Você gritava. Sem razão. Estudei para minhas provas. Provas, provas... O tempo passou. Você gritava. Gritava, gritava... Fui ao cinema."

Thomas aparece sozinho numa sala de cinema, assistindo ao filme que Francine atua, na qual ela grita e chora na sala escura onde está trancafiada... E ele chora “junto” a ela...

"- Me perdoe, Francine. "
...
A cena volta ao ponto de partida, o telefone toca de novo e ele atende...

“- Oui?
- Que foi? De repente caiu. Você desligou? É tão mal assim? Thomas, continua chateado com Dayer?
- Não...
- Então me diga, você acredita nele? Ah... estou vendo. Merda, não funciona assim? Como posso dizer: “Nossa primavera foi maravilhosa, mas o verão terminou”,  sem que pareça tão melodramático? O diretor gosta, tenho que encontrar uma forma. Está me ouvindo?
Novamente faz o gesto/sensor, só que dessa vez, em direção e ele mesmo.
- Não...Estou vendo você.”

E sorri.



P.

29 de novembro de 2010

just another

Assistindo a apresentação que Rivotriller de antemão contou, notei que não passava de um exemplo, baseado, como no filme "The Wall"
Todos foram nada mais que tijolos, sem pecar contra ou a favor do significado.

Sim, poderiam ter dito como odiavam os professores, uns aos outros, derrubado a mesa e sair gritando "anarquia" (não é mesmo Victor?) ou quem sabe se juntando para praticar o caos que tanto desejam (Ou não desejam? Será esse um desejo apenas nosso?)
Nada disso aconteceu no final, como acontece no filme.
 -
Hoje mesmo me disseram que: "nem tudo no ambiente escolar é ruim", alguém , aliás, que possui meus ouvidos hospitaleiros, alguém inserido nesse ambiente diariamente... Disse também que a minha geração já era...
Já era, para Pagu, por não ter também elixir de percepção.
Podemos obviamente adquirir isso sozinhos no começo, compartilhando depois...
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Caju iniciou, como sempre faz, salvando aquela cansativa apresentação, na qual temos que nos manter atentos pra sugar qualquer momentinho válido, pra não amargar o esforço que tende a alcançar somente os objetivos escolares, esforço que amargura-se sozinho, sem esforço enfim.
 -
Não estou dizendo que deviam ter reservado um momento pra interpretação musical, minuciosa e bonita, afinal, nossa geração faliu; contemporâneo para todo o sempre, amém.


- Momentos de escândalo familiar, descobertas individuais, infâmias mundiais - não vão fazer as pessoas morrerem pelos significados que se mostram mais empíricos, e isso; o empirismo, podemos encontrar, também, nas aulas de Filosofia, Sociologia... Psicologia eu já não sei, a psicanálise é bem mais legal, mas quem vê diferença?


Perguntei ao mesmo que me disse da merda da minha geração, se há possibilidade de eu ser menos descrente. Ele somente me pediu pra não desistir... Só não sei exatamente no que devo persistir


R., compreendi autênticamente (como se ainda houvesse autenticidade...) tudo o que disse, mas não inserido na apresentação de hoje... Inserido em todos os anos que se passaram, e passarão... "Eles passarão. Eu passarinho!"

P.s.1: Sei que tudo está melhor formulado ai dentro da sua mente.

P.s.2: Não deviam ter tirado o Narciso de mim, se é que alguém daqui me entende. rs

Pagu

just another brick in the wall

   Daqui a algumas horas haverá uma apresentação de Projeto em nossa escola (nossa, a não ser por Pagu, que estuda em outro colégio). Essa apresentação é um evento escolar — a merda já começa aí — e visa obter maior prestígio pelo visual que pelo conteúdo do "show"; ela acontecerá em nossa escola, com atividades de todas as séries.
   Logicamente, há um tema para o Projeto, que esse ano é "Resgatando Valores", e prefiro não comentar sobre isso. O sub-tema da sala do terceiro ano do ensino médio é "Relações Humanas".
   Antes de qualquer outra coisa, é importante ressaltar que essa disciplina, Projeto, foi utilizada para substituir Psicologia, Filosofia e Sociologia — por isso eu já a odeio. Nós não aprendemos nada sobre Hobbes, nem Freud, nem Nietzche, nem Freyre, nem Wundt e nem ao menos sobre Platão. Portanto, o que posso dizer sobre as aulas que tive sobre "Relações Humanas" em Projeto é que a maioria delas foi infrutífera, principalmente por eu ter ouvido coisas sobre as quais já sabia. Não, não era minha intenção ser arrogante nesse aspecto, mas, sim, eu já sabia que algumas pessoas se comportam de maneira infantil, já sabia que (segundo alguns liberais-conservadores) é preciso inteligência emocional no trabalho e, principalmente, já sabia o suficiente sobre mim mesma para ter certeza de que não precisava fazer testes que me dizem que, se ando olhando para o chão, é porque sou uma pessoa retraída. A professora que nos deu essa matéria não parece ter percebido que, além do amor, inteligência e amizade, nas relações das quais ela queria falar vinham intrínsecos a estupidez, o preconceito, a vaidade, entre outros, deixando as aulas insossas. Bem, insossas para mim, já que o resto da sala não parece dar a mínima.
   Após todo esse discurso, tenho apenas algumas observações a fazer:

   Como geralmente se sabe, cada classe possui um slide show, produzido pelos alunos, e Caju deu a ideia de usarmos "Another Brick In The Wall", do Pink Floyd, no final da apresentação. No caso, ela representaria a opinião própria dos alunos, visto que a letra da música expressa abertamente o descontentamento com o sistema repressor da escola — afinal, como diria Pagu, "a escola é o orgasmo da degradação humana" e nela não se aprende muito além de ser quem não se é.
   A princípio, achei que a música destoaria, mas concordei. Já hoje, nos ensaios, descobri reverências e sincronias que não deviam estar lá, e percebi que foi distorcido, deformado, tudo o que poderíamos dizer. Toda aquela história de "deixem as crianças em paz" acabou, perdeu o sentido. Vi todos agindo como iguais, como se espera, como se deve, reverenciando depois de mostrar imponência, recuando depois de mostrar altivez, todos na coreografia criada para a canção que não se poder coreografar.


Exatamente como tijolos na parede.

R.