20 de novembro de 2010

j.e.,

Quando utilizei a expressão "sem crer", não quis realmente exprimir estupefação.

Na verdade, acho fiquei estupefata com a minha descrença prematura. Vi numa tela um bando de adolescentes tentando fazer revolução (mais uma vez) e me senti velha. Velha porque era como se já tivesse visto aquilo cinquenta vezes e já possuísse, previamente, a certeza de que nada sairia do lugar e, caso saísse, não tardaria a lama a alcançar o que quer que fosse. Fiquei estupefata porque — ao que parece — que não tenho idade para duvidar tanto de tudo, inclusive de que haja possibilidade mudança. Tenho até uma postura, de certa maneira, teimosa no que diz respeito à mudanças, meu eterno clichê que diz que "o alto não é alto sem o baixo". É como se, depois de toda a conquista, fôssemos olhar uns para os outros e dizer: "E agora?" Bem clichê, não?

É fato que não é exatamente agradável um alto muito alto e um baixo rente ao chão, é preciso certo equilíbrio, mas não se há equilíbrio no avulso (digo, numa pessoa só), como haverá no todo? Coloquei na cabeça que nada leva a coisa alguma, então, qual o ponto?

No fim das contas, pode ser só uma fase. Logo, logo, lá estarei, gritando insanamente, tomando dores, chorando pelos fracos e oprimidos na inconstância típica dos 17. Ou não. Mas, por enquanto, penso: "Fodam-se os porcos e seus dias de fartura".

Quanto ao convite,
me desculpe, não sabia que havia crescido
a tal ponto essa vontade de ir a um boteco qualquer.
Dia 28, domingo, tem vestibular,
mas isso não está me afetando como deveria,
então nos falamos até a sexta-feira.
E se a banda for ruim, ces't la fucking vie.

R.

5 comentários:

  1. "Todo coração é uma célula revolucionária", até os corações envelhecidos?

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  2. Sim. Mas nem todos permitem que o vinho quente lhes suba à cabeça espessa. Os que o fazem, por uma série de sessões tertulianas, frequentemente acabam por desacreditar, levando-se em conta que enxergam melhor.

    A ignorância pode ser mesmo uma bênção...

    Pode ser.

    Os que não desacreditam são dignos de meu respeito e compaixão.

    R.

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  3. Porém, nem óculos faz seres desacreditados enxergarem melhor, quem dirá em reação ao vinho quente...

    Benditos sejam os dignos.

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  4. Pagu,

    não quis dizer que enxergam melhor porque desacreditam, mas que desacreditam porque enxergam melhor — podem ver de longe a estupidez, a tristeza, a vaidade, a ganância, a hipocirisia e as demais qualidades da raça humana.

    Sim, benditos sejam. Fico feliz que sejam mais persistentes que eu, porém compadecida por serem, de certo modo, mais ingênuos.

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  5. R,

    Já pensei inúmeras vezes antes de comentar esta publicação. Ainda bem que o fiz. Quase agi com você de maneira que odeio que ajam comigo. Quase tentei mostrar uma realidade possível de ser apreciada.
    Estou aliviado por não ter feito isso: seria mentir para você e para mim. Não quero fazer o discurso "eu sei como você se sente", mas, também como você, tomei do "veneno" muito cedo.
    Gostaria, portanto, de fazer uma única ressalva: talvez esta inconstância não seja "típica dos 17". Dez anos mais velho que você, tenho a constância de um caminhoneiro sonolento em uma estrada noturna (péssima imagem).
    P.S.: Bar (ou boteco), música e gente com quem ainda é possível conversar, continuam me interessando.
    até mais,
    j.e.

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