17 de agosto de 2010

Meretrício

Se ela era cafetina? Gil sabe. Mas a questão é: com toda a credibilidade, o suporte e as oportunidades dados às mulheres na década de 1520, talvez o máximo que ela pudesse fazer fosse ir plantar batatas. Literalmente. Mas eu não estou simplesmente tentando bancar a feminista.

Apenas pense. Agora vire o mundo do avesso.

Imagine se lascívia fosse, na verdade, modéstia. Ou se vagabundagem fosse, no fim das contas, a qualidade de um bom trabalhador. E se virtude e desonestidade significassem a mesma coisa, mas em mundo diferentes?

É, você está quase lá. Não estou falando de utopia. Estou falando de valores. De liberais-conservadores. Idiotas.

Tradição é uma coisa complicada. Isso, porque hábitos cultivados por séculos não se desvanescem simplesmente, isso não é novidade. E não é simplesmente difícil mudá-los. É quase impossível. Essa é uma condição imutável — para virar o mundo do avesso, deve-se explodi-lo, mandá-lo pelos ares, para o vácuo, e criar outro novo. E, você sabe, não dá. Bem, pelo menos por enquanto. Mas se for possível entender um pouco do que quero dizer, ignore a tradição e veja por esse ângulo: trabalho = meretrício.

Você se vende há anos e só percebeu agora? Que triste. Ou não.

Alguns vendem o corpo. Sua inteligência, sua força, seu humor, se dá lucro a alguém, é porque você o está vendendo. Vendendo como alguns vendem o corpo. Não é simples?



Não é tão nojento quanto?

R.

2 comentários:

  1. é a maldita ordem das coisas! quem disse que vender o corpo precisa necessariamente ser invadido no próprio corpo? vender o corpo ou a alma. essa é a desordem das coisas.
    falar em integridade no mundo das trocas, do lucro, da vantagem...
    desmérito à humanidade!

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