4 de agosto de 2010

Crítica do Horror Puro

'Ao formular qualque filosofia, a primeira consideração sempre deve ser: O que nós podemos conhecer? Isto é, o que podemos ter certeza de conhecer ou de saber que conhecemos, desde que seja algo conhecível, é claro. Ou será que já esquecemos e estamos apenas com vergonha de admitir? Descartes roçou o problema quando escreveu: "Minha mente nunca poderá conhecer meu corpo, embora tenha ficado bastante íntima de minhas pernas." E antes que me esqueça, por "conhecível" não me refiro qo que pode ser conhecido pela percepção dos sentidos ou ao que pode ser captado pela mente, mas ao que se pode garantir ser Conhecido por possuir características que chamamos de Conhecibilidade pelo conhecimento - embora todos esses conhecimentos possam ser ditos na frente de uma senhora.
Será que podemos realmente "conhecer" o universo? Meu Deus, se às vezes já é difícil sairmos de um engarrafamento! O problema, no fundo, é: há alguma coisa lá? E por quê? E por que tem que fazer tanto barulho? Finalmente não há dúvidas de que uma característica da "realidade" é a de que lhe falta substância. Não quero dizer com isso que ela não tenha substância, mas apenas que lhe falta. (A realidade que estou falando aqui é a mesma que Hobbes descreveu, só que um pouquinho menor.) Logo o dito cartesiano "Penso, logo existo" seria melhor expresso na forma de "Olha, lá vai Edna com o saxofone!" . Do que se traduz que, para conhecer uma substância ou uma idéia, devemos duvidar dela e, ao duvidar, chegamos a perceber as características que ela possui em seu estado finito, as quais são "por si mesmas" ou "de si mesmas" ou de qualquer outra coisa que não tem nada a ver. Se isto ficou claro, podemos deixar a epistemologia de lado provisoriamente e mudar de assunto. '


[Trecho retirado de:
Woody Allen - Cuca Fundida/ Minha filosofia: 1. Crítica do Horror Puro.]


J

Nenhum comentário:

Postar um comentário