7 de outubro de 2010

Estou construindo um castelo de cartas, com a janela do quarto entreaberta. E eu que por tantas vezes construi na areia, no cimento, no tijolo. As cartas sobem no pesar de minhas mãos. A cada às de espada fica mais frágil, são baralhos e baralhos inteiros para mante-lo. As vezes esbarro em algumas cartas do topo e elas caem, dançando como folhas secas até o chão. Já pensei em cola-las todas. Ficaria imutável e denso. Preferi deixa-lo com sua leveza intensa. As vezes percebo ter perdido uma carta importate, e tenho que repor de outro monte...Remendos e remendos se fazem em pé, a ponto de quase poder tocar o céu. As vezes seu papel me corta por entre os dedos, assim aparecem o sangue e as lágrimas que percorrem seus caminhos como se nada tivesse acontecido, uma beleza incomparávelmente dolorosa. Um dia, chegando no topo percebi que nenhum de meus baralhos continham seus devidos coringas. Acho que é por isso que o castelo cresceu e cresceu, e nunca ficou pronto. Pronto apenas para ser levado pela brisa inesperada que pode entrar feroz pela janela marrom.

Caju

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