18 de julho de 2010

Ai Se Sesse

"A gente veio lá do sertão de Pernambuco, de uma cidade chamada Arco Verde. O poeta Zé da Luz, do início do século escreveu uma poesia — porque disseram pra ele que para falar de amor era necessário um português correto —, e aí Zé da Luz escreveu uma poesia chamada 'Ai Se Sesse', que diz assim:

'Se um dia nois se gostasse;
Se um dia nois se queresse;
Se nois dois se empareasse,
Se juntim nois dois vivesse!
Se juntim nois dois morasse;
Se juntim nois dois drumisse;
Se juntim nois dois morresse!
Se pro céu nois assubisse,
Mas porém, se acontecesse de
São Pedro não abrisse
A porta do céu e fosse
Te dizer quarquer tolice?
E se eu me arriminasse
E tu com eu insistisse
Pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse,
E o bucho do céu furasse,
Tarvez que nois dois ficasse,
Tarvez que nois dois caísse;
E o céu, furado, arriasse
E as virge toda fugisse!?'"

R, ouvindo Cordel do Fogo Encantado

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