18 de julho de 2010

Sem Que Me Ensines

Um dia, um dia normal de ano letivo, lá estava ela, descendo as escadas para chegar na porta da cantina e decidir que, no fim das cntas, não estava mesmo com fome. Quando a vi, fiquei feliz. Ela estava deixando de ser um dinossauro da nossa imaginação. Ou não. Corri para abraçá-la. Ela se retraiu.

"Er... R, quatro centímetros", ela disse. Parei meu abraço nos 3/4. Ela não sabia, e não sabe, ainda, mas depois que ler isto aqui, vai descobrir que doeu um pouco.

Daí em diante passei a vestir algo que não me cai bem, mas que é quase obrigatório nesse meu traje de covarde. Comecei a usar cautela.

"Quatro centímetros?", eu sempre perguntava antes de me aproximar.

Sei que aquela dor dos 3/4 de abraço foi nada mais que uma parte do meu esgoímo e da minha cruel autoflagelação espontânea.

Mas agora ela vai saber que eu não vou mais perguntar, e se eu ficar nos 3/4 outra vez, a efemeridade da dor será tão óbvia que eu não vou nem perceber a alfinetada, já que eu sei que ela não é como eu — egoísta —, e, às vezes, precisa de espaço.

Essa coisa patética, bichona que é o amor, deixa a gente confuso, não é? Mas agora que eu percebi, percebam também: ele faz a gente entender certas coisas, ou, melhor dizendo, certas pessoas, de maneira bem mais clara (e não egoísta).

"Tasteless lead sitting on our tongues
And we have to worry
More about the ones we love"

[The Mountain]

R.

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