20 de julho de 2010

Peço as navegantes que leiam com atenção.
Estou a bordo, sem lenço, sem documento, e muitas vezes venho sozinha.
Fui acolhida a tripulação e aqui ando e desando, levando e deixando.
A muito não sei se navego pelo mar, ou se no reflexo do céu, dois que parecem me acariciar ora com o brilho das estrelas ora me chicoteando com ondas estrondosas. Não venho carregando desculpas nas mãos como fiz a uns (muitos) escritos atrás, carrego algo muito mais complexo e exigente. Aliás, não carrego, peço que carreguem para mim, carreguem a compreensão de que muitas vezes o mar não está para peixe, assim como minhas mãos muitas vezes só srvem para acender um cigarro. Peço também que não levem o navio sozinhas. De certa maneira, me sinto como alguém jovem e inexperiente, que a alma não se cala, mas as palavras que saem não se propagam por serem sempre soltas no vácuo que por ora vem me acalentar.
Tenho tido calma ultimamente. Uma calma que me invade lentamente seguindo de meus pés até as pequeninas ligações neurológicas.
Uma curiosidade: Me chamam de passarinho por aqui. É , pois canto e cantarolo a todo momento. Muitas vezes esquecem-se de quem sou, e fazem das palavras amargas que saem como um grande afluente negro das bocas, as grades da gaiola. Assim estou. Livre para cantar, mas presa pra voar. Tenho acolhido até que bem esse fato. Conto que as coisas acontecem do seu modo, e eu fico usando minha máquina do tempo, que funciona somente dentro da minha cabeça, como se pudesse mesmo usa-la.

Queria poder abraçar cada uma de vocês capitãs, e sussurrar-lhes palavras macias. Há de chegar o tempo em que nadarei contra a corrente, ou simplismente aprendrei a planar bem perto das nuvens.
Por enquanto deixo-as com minhas raras palavras e meu grande e maltrapilho amor.
Deixo-lhes a Parola.

Marujo Caju

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