26 de julho de 2010

A você, JRM.

A proteção pungente
Ela não podia olhar para seu pai quando ele tinha uma alegria. Porque ele, o forte e amargo, ficava nessas horas todo inocente. E tão desarmado. Oh Deus, ele esquecia que era mortal. E obrigava a ela, uma criança, a arcar com o peso da responsabilidade de saber que os nossos prazeres mais ingênuos e mais animais também morrem. Nesses instantes em que ele esquecia que ia morrer, ele a tornava a Pietà, a mãe do homem. (Clarice Lispector)
Meu mundo e nada mais
Quando eu fui ferido vi tudo mudar/Das verdades que eu sabia/Só sobraram restos e eu não esqueci/Toda aquela paz que eu tinha/Eu que tinha tudo hoje estou mudo, estou mudado/À meia-noite, à meia luz, pensando/Daria tudo por um modo de esquecer/Eu queria tanto estar no escuro do meu quarto/À meia-noite, à meia luz, sonhando/Daria tudo por meu mundo e nada mais/Não estou bem certo se ainda vou sorrir/Sem um travo de amargura/Como ser mais livre, como ser capaz/De enxergar um novo dia. (Guilherme Arantes)
P.A.
(Tenho seu sangue, mas não sou você.)

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